quarta-feira, 26 de setembro de 2012

O crack e a relação com a saúde pública na atenção básica.

Por quê o uso de drogas, principalmente o crack, se tornou uma questão alarmante e de saúde pública?

O crack é a droga que gera o maior nível de dependência no usuário, no menor tempo possível de uso, que embora tenha cura, é preciso de ações sistematizadas intersetoriais, que vejam esta situação, não pelas consequências causadas ao indivíduo e a sociedade, mas principalmente pelas causas com que elas se condicionam e determinam.

Em 2010 a Junta de Fiscalização de Entorpecentes(JIFE) - órgão filiado à Organização das Nações Unidas (ONU)- divulgou em seu relatório anual o perfil de consumo e tráfico de crack com ano base de 2009. Neste relatório afirma que o consumo e tráfico tem se expandido para América do Sul comparado à Europa e Estados Unidos. O Brasil hoje ocupa o 3º lugar no ranking de maior consumidor mundial da droga e tem rota para o tráfico no eixo cone-sul.

No relatório aponta também mudanças no hábito de quem consome drogas. As injetáveis tem sido cada vez menor, enquanto as drogas consideradas "fumadas" tem aumentado em seu perfil de uso. De acordo com o Coordenador de Saúde Mental, Álcool e Outras Drogas do Ministério da Saúde, Pedro Gabriel Delgado, embora o crack tenha um consumo menor, se comparado a maconha e cocaína, a questão da magnitude do agravo na saúde dos usuários e os impactos na saúde, estes tornam-se alarmantes.

O Coordenador ainda explica que o consumo do crack — resultado de uma mistura de cristal de cocaína ou pasta base ou cocaína em pó (cloridrato de cocaína e adulterantes), água e bicarbonato de sódio — tem pelo menos dois fatores de risco ao indivíduo e a sociedade: a dependência e a vulnerabilidade dela decorrente, que fazem dessa droga grave problema de saúde pública e enorme desafio para o governo brasileiro.



O crack tem cura:

A dependência da droga caracteriza-se, não só pela incapacidade de se interromper o uso no momento desejado e a necessidade de se usarem doses cada vez maiores para obter os mesmos resultados, como também pelos efeitos físicos e psíquicos causados pela abstinência. O motivo é que o crack, além de ser droga ilícita, causa rápida dependência e sua propagação se faz no cenário onde concentra-se extrema vulnerabilidade social. 

Embora o consumo seja visto do ponto de vista da irreversibilidade por não ter cura, é perfeitamente tratável, podendo chegar a cura. Os resultados apresentados em trabalhos e pesquisas, contidas no relatório, apontam que, a questão do crack está para além da saúde pública em que envolve a questão social e a inserção dos sujeitos, levando em consideração sua historicidade. Desta forma, é possível realizar uma intervenção eficaz, que estimule nesta pessoa, o desejo de tratamento, cura e reabilitação da situação de drogadição.

O uso do crack não se dá isoladamente. Ela vem acompanhada por uma série de fatores de risco, entre elas: o uso de bebidas alcóolicas, uso de outras drogas, exposições à ambientes insalubres e inóspito como as ruas e espaços públicos e privados propícios ao uso da droga. O perfil social dos usuários, em geral, são jovens que vivem em situação de rua, que cometem delitos para conseguirem recursos para sobrevivência nestes ambientes, estão expostos a violência física, sexual e contato com a debilidade pela ausência de alimentação regular. Em geral, estes usuários são em maior número do sexo masculino, concentrando mais na população jovem, mas que atinge crianças e adultos.

Sobre o tratamento há duas medidas possíveis de terapia ampliada: a primeira é a internação, por livre consentimento do usuário e a segunda é a elaboração de um projeto terapêutico

A clínica ampliada através da atenção básica ao acompanhamento dos usuários de crack:

Quando se fala em projeto terapêutico é preciso levar em consideração uma gama de pluralidades e singularidades à qual estes indivíduos estão inseridos. Um dos métodos de maior relevância ao tratamento, está na relação de confiança entre o profissional e a pessoa, de forma que a relação de cuidado oferecida seja entendida de forma consentida e não imposta, seja pelo profissional ou pela instituição.

As principais redes que garantem a continuidade do cuidado a este paciente inicia-se nas equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde, Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), CAPS A-D (Álcool e Drogas), Capsi (Infanto-Juvenil), com leitos de acolhimento e desintoxicação em hospitais gerais, unidades de acolhimento temporário, como as casas de passagem, e internações mais longas, quando necessário.

O primeiro passo é fortalecer o vínculo com esta pessoa e envolver a equipe de saúde na atenção aos cuidados com sua saúde e da sua família. Uma destas atenção é envolver os CAPS nesta relação com o fim de promover a integralidade no cuidado. Em paralelo aos cuidados na saúde, acionar a parceria de redes sociais como os Centros de Referência de Assistência Social, os Centros de Referência Especializados de Assistência Social, Conselhos Tutelares e de Saúde, Escolas entre outras instância. A proposta jamais deverá ser de culpabilização ou punição da situação do indivíduo e sim do estímulo ao desenvolvimento de sua autonomia e decisão de sair da situação de drogadição ou não.

É importante, em qualquer instância do Estado e da sociedade civil, discutir a problemática do crack, levando em consideração os fatores condicionantes e determinantes que levam o indivíduo da experimentação ao vício da droga e propor ações e medidas que tendam a proteger e garantir os direitos desta população que, por sua inserção social encontram-se marginalizadas, mas que por sua condição social, são pessoas portadoras de direitos, incluindo a proteção e a reabilitação de sua situação.

Fontes:

Revista Radis - Comunicação e Saúde da Fio Cruz
Portal de Saúde do Ministério da Saúde


0 comentários:

Postar um comentário

Contato

Fale Conosco

Entre em contato com nossa unidade, fale com nossos profissionais e tire suas dúvidas quanto aos nossos programas

Endereço

Estrada dos Bandeirantes, n° 11.227 - Vargem Grande

Funcionamento

De Segunda a Sexta das 08h às 20h | Sábado das 08h às 12h

Telefone

(21) 3410-8572 | 3416-2432