segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Crack: Uma questão de Saúde Pública e da Família

O crack é uma droga, em forma de pedra, que surge da mistura da pasta de cocaína, em sua parte impura, com bicabornato de sódio.

Sua ação no organismo se dá pela rápida absorção da fumaça chegando ao sistema nervoso central em até dez segundo e leva ao indivíduo à um estado de euforia maior que o provocado pela cocaína pura. Em contrapartida, o intenso efeito colateral, que pode levar à depressão e forte mal estar, faz com que o indivíduo repita a dosagem, levando-o assim à dependência, logo na primeira vez de uso.

De origem americana e barata, foi considerada na década de 70, como a droga dos ricos e na década de 80 começou à se popularizar, principalmente pelos pobres dado ao rápido efeito e também pelo preço.

Hoje, um dos grandes desafios no Brasil está no combate ao tráfico e uso do crack, bem como na criação de  mecanismos sociais e políticos que assegurem direitos aos usuários e suas famílias. Para coibir o tráfico é necessário o aprimoramento das políticas de segurança pública entre outros mecanismos e, aprimorar os mecanismos sociais, de forma que incluam à reinserção social destes indivíduos e que haja um acompanhamento às famílias destes usuários.

 Por ser tratar de uma questão social ampla , o crack  precisa ser visto pelo caráter interdisciplinar e multiprofissional, envolvendo diversas esferas da vida pública, isto é, o Estado, mas também a sociedade civil.

Na saúde, onde há um dos maiores impactos ao uso desta droga, há os efeitos fisiológicos no corpo do indivíduo como também oferece riscos pelos efeitos que a droga causa, entre eles, a parada cardíaca, convulsões, paranóia, psicose entre outros produtos de desordem psíquica, levando o indivíduo à sair do contexto de sua razão e agindo por influência dos efeitos da droga.

Ainda sobre a questão da influência, há estudos e fatos que comprovam a associação das drogas às práticas do crimes e delitos, levados pela ausência de dinheiro para manter o vício. Segundo o pesquisador Luis Flávio Sapori, o uso do crack na sociedade se torna um fator de risco à violência urbana. Para isso é preciso que todo o Sistema esteja preparado para lidar com este tipo de demanda, principalmente o Sistema  Único de Saúde (SUS), criando políticas e iniciativas de acolhimento ao dependente químico. Em alguns estados e municípios estas qualificações estão acontecendo e o trabalho de acolhimento tem ficado por conta dos Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD).

Ainda se discute sobre à ideal forma de conduzir o acompanhamento na saúde dos dependentes químicos por crack, levando em consideração que as chances para recuperação são mínimas, dado ao poder viciante da droga e, consequentemente, a baixa adesão espontânea ao tratamento convencional e, em geral, as famílias dos usuários não dispõem de recursos financeiros suficientes para custear o tratamento e todos os custos que envolvem tratar e cuidar de um dependente químico.

A saúde pública brasileira, principalmente as de atenção básica, tem um grande desafio, que é criar mecanismos para lidar com a realidade do crack que envolve não apenas o usuário da droga, mas principalmente sua família e a comunidade, que são grandes aliadas e parceiras no processo de reinserção social desta pessoa, tirando-o do isolamento e o levando à reinserir-se na sociedade.

Acredito que as unidades básicas de saúde, juntamente com a família e a comunidade podem exercer papéis fundamentais no processo de (re)construção deste indivíduo: aprender a acolher e compreender este usuário dentro e fora da unidade de saúde, estabelecer regras claras de convivência familiar, demonstrar interesse real contribuindo com o compromisso de sua  recuperação, respeitando às diferenças e da manutenção de um ambiente de apoio, carinho e atenção, são atitudes que contribuem para melhorar a qualidade de vida do ex-usuário e ajudam na prevenção de recaídas.

Acreditamos que ninguém faz nada sozinho e, vencer as barreiras do crack, só será possível através de ações conjuntas e de mãos dadas.

ACS Fernanda Belarmina de Oliveira Alves - Equipe Bandeirantes.






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